Dia 04 de agosto dia de São João Maria Vianney:
O jovem pároco João Maria Batista Vianney não prometia sucessos
retumbantes, mas ao ser nomeado para o vilarejo perdido de Ars, o seu
imenso amor a Deus transformou a fundo não apenas os seus paroquianos,
mas milhões de peregrinos da França inteira.
Era ao entardecer de 9
de fevereiro de 1818, uma terça-feira. Um pastorinho de dezesseis anos,
Antoine Givre, que guardava as ovelhas na lande das Dombes, teve um
encontro estranho, que havia de recordar durante toda a vida. Ia cair a
noite. Já as luzes se acendiam nas janelas das casas, agrupadas a
algumas centenas de metros, para além de um valado. Do lado da estrada
de Lyon, o rapaz ouviu um barulho e olhou: era um padre que avançava a
grandes passadas de camponês; a seu lado, uma velha de touca na cabeça;
atrás deles, uma carriola vacilante, carregada de fardos e de uma
misturada de coisas, no meio das quais se via uma cama de madeira.
O
padre saudou o pequeno e perguntou-lhe se ainda estava longe de uma
aldeia chamada Ars. Antoine indicou com a mão o humílimo povoado que já
se ocultava no crepúsculo.
“Como é pequeno!”, murmurou o padre. E
ajoelhou-se. Em silêncio, durante muito tempo, rezou, de olhos postos
nas casas. Rezou com um fervor e uma atenção extraordinários. Dir-se-ia
que via coisas de que os outros não faziam a menor ideia. Ao
levantar-se, olhou para o rapaz e, com voz muito simples, disse:
“Tu
mostraste-me o caminho de Ars… Um dia hei de mostrar-te o caminho do
Céu” .Antoine Givre morreu algumas semanas depois do Cura d´Ars. Em
seguida, retomou a marcha. A capelania de Ars-en-Dombes – que não tinha
mais de duzentas almas e estava subordinada à paróquia de Misérieux, da
diocese de Lyon – recebia o seu novo encarregado. Chamava-se Jean-Marie
Vianney.
Como o novo Cura de Ars conseguiu transformar toda uma comunidade?
Quando
Jean-Marie chegou, Ars não passava da mais morna das comunidades
cristãs. “Lá, não gostavam muito de Deus”. Mas, logo que viram como
vivia o novo cura, os paroquianos compreenderam que alguma coisa tinha
mudado.
Começou por mandar restituir ao castelo os móveis confortáveis
que a piedosa Mme. des Garets tinha emprestado ao presbitério. Depois,
pôs-se a restaurar a igreja, que estava caindo aos pedaços, fazendo por
suas próprias mãos “o trabalho doméstico de Deus”. A seguir, só se
falava na aldeia de que o novo encarregado da capelania de Ars tinha um
modo singularíssimo de alimentar-se: umas tantas côdeas de pão seco, uma
panela de batatas, que mandava coser cada três semanas e que ia comendo
frias. Por último, as boas mulheres que, de tempos a tempos, conseguiam
penetrar na casa paroquial para cuidar dos trabalhos domésticos,
contavam que encontravam roupa ensanguentada, manchas vermelhas nas
paredes…
E compreendeu-se então para que serviam as correntes que o
padre mandara forjar na oficina do ferreiro. Esses jejuns, essas
penitências – que o Cura d´Ars conservará durante toda a vida – fizeram
tanto maior impressão quanto a verdade é que essa terrível ascese não
impedia M. Vianney de ser de uma delicadeza, de uma mansidão perfeitas,
sem querer impor a ninguém os golpes de disciplina que a si mesmo
infligia – e que nem uma só vez deixou transparecer.
Quando, porém, este
ou aquele se permitia aludir aos rigores que ele aplicava ao seu corpo,
respondia com o melhor dos sorrisos que era coisa muito apropriada para
“o velho Adão” ou “o cadáver”…
Poder do exemplo: foi,
indubitavelmente, por aí que Jean-Marie Vianney se impôs: primeiro, às
suas ovelhas; depois, a outras. Pouco a pouco, a paróquia
transformou-se.
Homens, mulheres, crianças foram agrupados em confrarias
ou obras. Abriu-se uma escola gratuita, a “Casa da Providência”, aonde
afluíram as meninas, incluindo as órfãs, as abandonadas, as
desafortunadas. Os maus hábitos, como o do baile e da taberna, contra os
quais o padre era severo, foram desaparecendo da paróquia. Para não o
desgostarem, os moços e as moças menos recatados refreavam o seu
comportamento. “O respeito humano voltou-se do avesso”, e passou a ser
tão vergonhoso apanhar uma bebedeira como o era, na véspera, não beber
com os outros. A igreja, ainda ontem meio vazia, encheu-se e, como a
gente dos arredores ganhou o costume de a frequentar, passou a ser
pequena. Quem havia de prever semelhante mudança, quando, meia dúzia de
anos antes, o arcebispo encarara seriamente a hipótese de suprimir a
paróquia?
Leia também: São João Maria Vianney
10 Ensinamentos de S. João Vianney para a luta contra o mal
Um Santo Confessor
No
confessionário viveu intensamente seu apostolado, todo entregue às
almas, devorado pela missão, integralmente fiel à vocação. Do
confessionário seu nome emergiu e transbordou dos estreitos limites
Ars-em-Dombes para aldeias e cidades vizinhas. Os peregrinos que
desejavam confessar-se com ele começaram a chegar. Nos últimos tempos de
vida eram mais de 200 por dia, mais de 80.000 por ano. Esses são alguns
de muitos relatos de suas experiências no confessionário:
1- Havia
um homem pecador que relutou muito em confessar-se com São João
Vianney, porque tinha medo da penitência que ele lhe imporia. Mas um dia
tomou coragem e foi se confessar com o santo. E eis que este lhe deu
uma penitência suave. Então, o penitente estranhou e pergunto ao santo:
“só isso?” Ao que São João lhe respondeu: eu queria lhe dar uma
penitência pesada, mas pode ser que você não a cumpra, então deixa que
eu a cumprirei para você.
2- Um dia, ele saiu do
confessionário e foi falar com um jovem que estava na fila da Confissão;
e lhe disse: “Olha, eu estou vendo o demônio como uma abelha voando em
volta de você, dizendo para você não confessar aquele pecado… Mas pode
confessar, porque eu já sei o que é.
3- Certa
vez, ele estava confessando as pessoas, e o sacristão veio lhe dizer que
seu quarto estava pegando fogo. Ele calmamente disse ao homem: vá lá e
apague o fogo, vou ficar aqui confessando. É o demônio; ele não pode
pegar o pássaro, então está queimando a gaiola.
Quando
chegou à cidadezinha ninguém veio recebê-lo, quando morreu a cidade
tinha crescido enormemente e multidões de peregrinos o acompanharam à
última morada. Eram cerca de 100 mil pessoas. A Igreja, que pela lógica
humana receara fazê-lo sacerdote, curvou-se à sua santidade. João Maria
Vianney foi proclamado Venerável pelo papa Pio IX em 1872, beatificado
pelo papa São Pio X em 1905, canonizado pelo papa Pio XI em 1925 e pelo
mesmo foi declarado padroeiro de todos os párocos do mundo, em 1929.
Esse é o Santo Cura d’Ars, cuja memória, celebramos no dia 4 de agosto.
Fonte:http://cleofas.com.br/curiosidades-sobre-a-vida-de-sao-joao-maria-vianney/
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